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Supersafra gera déficit de armazenagem no Brasil (Jornal do Comércio)

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O Brasil poderá enfrentar problemas para estocar a grande produçãoesperada para a safra 2012/2013. Empresas e especialistas apontam que, se forconfirmado o volume de colheita estimado pelo governo, de 180 milhões detoneladas de grãos, o Brasil teria um déficit teórico de mais de 30 milhões detoneladas no espaço para armazenamento.

De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), acapacidade estática de silos e armazéns em todo o País chega a 148,3 milhões detoneladas, gerando um déficit teórico de espaço para abrigar 31,7 milhões detoneladas. No entanto, a necessidade real por lugares de estocagem é aindamaior, conforme João Tadeu Franco Vino, superintendente comercial da KeplerWeber e coordenador do grupo de armazenagem da Associação Brasileira daIndústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). De acordo com um estudo da FAO,órgão da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, o idealé que os países tivessem capacidade para armazenar 120% de sua produção. NoBrasil, este número representaria uma capacidade de 216 milhões de toneladas.

Além disso, Vino lembra que grande parte da capacidade estática dearmazenagem no País está localizada em áreas distantes das zonas de produção.“Em Goiás e São Paulo, por exemplo, temos armazéns que foram construídos háalgumas décadas para grãos, mas que estão em áreas que hoje são dedicadas àprodução de cana-de-açúcar. Ou seja, eles não estão sendo usados para suafunção original e, para serem utilizados, o transporte de carga é caro devido adistância das lavouras.”

Segundo Adriano Mallet, diretor da consultoria Agrocult, a falta delocais para armazenagem no País é agravada pelo próprio crescimento daagricultura. “Enquanto a produção cresceu, em média, 5% ao ano na últimadécada, a capacidade estática para a estocagem aumentou apenas de 1,5% a 2,5% anualmente.”Mallet aponta que o problema é especialmente grave em regiões de fronteirasagrícolas, como o Oeste da Bahia e o Sul do Piauí, onde a abertura de novasterras para cultivos de grão ainda não foi acompanhada pela construção deinfraestrutura nas propriedades rurais.

Para zerar o déficit na capacidade estática brasileira, o especialistaestima que indústrias, agricultores e governo deveriam investir cerca de R$ 10bilhões em armazenagem.

Atualmente, a construção de silos e armazéns é financiada através deprogramas federais, como Finame/PSI, do Bndes. Segundo Mallet, o mercado dosetor está aquecido devido aos bons preços das commodities, mas seriamnecessárias condições mais vantajosas para expandir os pedidos das indústrias.“Esses programas financiam apenas equipamentos, não obras civis, que são metadedo gasto para construção das estruturas.”

Conforme José Luiz Viscardi Junior, diretor de Vendas e Marketing daGSI Brasil, enquanto no Brasil apenas 17% da safra fica armazenada com os própriosprodutores, na Argentina o índice chega a 60% e, nos Estados Unidos, a90%.  Embora a construção e manutenção degrandes silos e armazéns gerem custos altos para os agricultores, Viscardiafirma que existem grandes vantagens econômicas para quem realiza oinvestimento. “Ele tem mais controle sobre a sua colheita, não sofre pressão devenda na hora da safra, tem mais opções para comercialização, uma salvaguardapara períodos de problemas climáticos e pode oferecer um grão de melhorqualidade para o mercado, com mais valor agregado”, destaca.

 

 

Rio Grande do Sul apresenta dificuldades para expandir o setor

Comparado com o resto do Brasil, o Rio Grande do Sul apresenta umasituação mais confortável em torno de armazenagem. Conforme a Conab, o Estadopossui uma capacidade estática total de 31,45 milhões de toneladas, o que seriasuficiente para abrigar a safra gaúcha de 27,6 milhões de toneladas de grãosestimada pela companhia.

Para Antônio da Luz, economista da Federação da Agricultura do RioGrande do Sul (Farsul), com essa capacidade atual o Estado atinge 87% dacapacidade recomendada pela FAO, que seria de 36 milhões de toneladas. Noentanto, esse número só é alcançado devido ao grande número de armazénsexistentes no porto de Rio Grande. “Temos lá muitas unidades, mas elas são paraorganizar a exportação, não servem para o abastecimento interno. O queprecisamos são armazéns nas propriedades rurais, para permitir o controle davenda de seus grãos.”

Uma das dificuldades apontada pelo economista para expandir o uso desilos e armazéns entre os gaúchos é o custo das estruturas. “Para o agricultormédio e grande é viável, mas no Estado temos muitos pequenos produtores, paraos quais não vale a pena realizar o investimento. Nesse caso, ou eles teriamque se unir com vizinhos, para dividir o espaço, ou então teriam que receber deterceiros para evitar capacidade ociosa, mas isso implica sair da atividade.”

Uma solução simples e de baixo custo para a secagem e armazenagem degrãos em pequenas propriedades está sendo incentivada pela Emater: o silo dealvenaria. “É uma excelente alternativa para o agricultor familiar”, garante oagrônomo Volnei Righi, que apresentou a estrutura para produtores durante aExpodireto, em Não-Me-Toque. O modelo de alvenaria pode armazenar até três milsacas de milho, e os custos de construção variam de R$ 5 mil a pouco mais de R$20 mil, conforme a capacidade de armazenamento. “O silo é mais barato do que osoutros tipos, por ser construído com materiais de baixo custo e mão de obra dafamília”, afirma Righi. Cimento, areia, brita, malha de ferro e tijolos maciçossão utilizados para erguer a estrutura do silo.

Na parte interna, utiliza-se madeira para a construção de um estradorevestido por uma tela de arame galvanizado, que impede que os grãos entrem emcontato com o solo e permite que o ar gerado pelo ventilador circule dentro daestrutura. “Além de o agricultor economizar com transporte ao realizar todo oprocesso em sua propriedade, ele obtém um grão de ótima qualidade, tanto para aalimentação de suas criações quanto para a comercialização do produto”, comentaRighi, destacando as vantagens da secagem e armazenagem realizadas napropriedade. O custo para secagem, por saca, varia de R$ 0,10 a R$ 0,20.

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